quinta-feira, 15 de maio de 2014

Dia 86 e 87 - Melaka - (re) Descobrimentos 400 anos depois

Dia 86:

Acordámos bem cedo para apanharmos um comboio (0,40€) que nos levaria ao terminal de autocarros, de onde seguimos para Malaka numa viagem que durou pouco mais de 2 horas. O terminal de autocarros de Malaka está localizado longe da cidade, mas nas suas instalações também inclui praça de táxis e paragem de autocarros locais, bem como lojas, restaurantes e afins. É um mundo dentro do fim do mundo.

Seguimos então até ao hotel. O melhor que já ficámos nesta viagem e curiosamente está longe de ser dos mais caros. Para um hotel de 4 estrelas, com decente localização, bom pequeno almoço, jornal diário (em inglês), piscina no terraço e excelente quarto, cerca de 8€/noite parece me em conta, não?

Malaka, para quem não conhece, é uma cidade com cerca de 700.000 habitantes, com todas as infraestruturas de uma grande cidade, mas com preços substancialmente mais baixos. A diversidade cultural derivada da sua história é imensa, tornando o local bastante atractivo e turístico. Malaka foi fundada no século XIV por Parameswara, um príncipe Hindu vindo da Sumatra; em 1405, Malaka tornou-se um protectorado da China, até que em 1511, chegaram os portugueses pela mão de D. Afonso Albuquerque; após sucessivos ataques, os Holandeses aliados ao Sultão acabaram por conquistar a cidade; por fim, em 1795, os ingleses tomaram posse do território.

A entrada do Bairro Português

Após deixarmos as malas e arranjarmos um (péssimo) mapa de região, seguimos em busca de vestígios portugueses na cidade. O mapa indicava (mal e porcamente) a direcção da comunidade portuguesa e nesse sentido seguimos a pé. A algum custo começámos a encontrar alguns sinais de Portugal: primeiro uns cartazes do carnaval português, depois ruas com nomes lusos e por fim, inevitavelmente junto ao mar, demos de caras com algumas bandeiras nacionais pintadas nas paredes. As expectativas subiram brutalmente!

Avançámos para o centro do bairro onde se formava uma praça de cafés bares e restaurantes, todos com motivos alusivos a Portugal. A barriga a gritar por um bom bife fez nos sentar no restaurante com os motivos portugueses que mais nos saltou à vista. Ao inspecionarmos o menu demos com pratos tão portugueses como "Fried Coay Teow" ou "Chicken Curry", os empregados (luso descendentes) já não sabiam a língua, etc. É aqui que alguma desilusão cai sobre nós após as expectativas terem subido tanto. Ainda assim perguntámos se alguém falava português nas redondezas.

Passado não muito tempo, aparece o José ,um português em missão em Malaka, seguido por mais 3 portugueses e diversos locais luso descendentes. Antes de mais é preciso ter noção que estes luso descendentes são do tempo em que os portugueses aqui estiveram, ou seja, há de 400 anos atrás! Desta forma são gerações e gerações que vão passando, a língua que mesmo sem acordos ortográficos contantes vai evoluindo, a distancia a Portugal, o pouco o nulo envolvimento de Portugal com a região, etc. Os factores a potenciar o distanciamento e mesmo o romper com os antepassados. Apesar da língua que eles falam ser uma espécie de crioulo derivado do português arcaico, da gastronomia ser totalmente díspar, do nosso país ignorar aquela comunidade, etc; aquele povo tem uma paixão por Portugal como eu nunca vi no nosso país ou em qualquer outro lugar. Fiquei tão surpreso como emocionado.
O José e a Luísa fazem parte da ONG (organização não governamental) Coração em Malaka (www.dikorsang.org) que pretende, e tem feito muito por trazer Portugal a Malaka. Actualmente estão presentes dois missionário bolseiros em Melaka para promover e espalhar a lusofonia com diversas acções e actividades. Em breve deverão começar aulas de português. Para quem quiser mais informações pode me perguntar ou aceder ao site. E quem for a Malaka, ou passar por perto, não deixe de dar um saltinho à comunidade. Vale a pena!

O dono do bar, o Andrew de Mello sentou-se à mesa connosco e entre copos e guitarradas, lá arriscou uma conversa em português

Passámos a tarde com os novos amigos, um convite para jantar acabou por tornar a tarde noite e umas rodadas por conta da casa fizeram os minutos horas. Entre música e conversa, lá fomos ficando... dando tempo e oportunidade para experimentar um vinho abafado, vejam bem, de arroz roxo! Estava bom!



Dia 87:

Inevitávelmente acordámos tarde, iniciando o dia em correria para apanhar o pequeno almoço do hotel. Bom pequeno almoço em fins de manhã viria a servir de energia e sustento para, sob sol intenso, explorar a cidade.

(Um pequeno à parte: tudo o que foi escrito anteriormente foi em viagem, e daqui em diante será escrito hoje, portanto lamento a falta de pormenor nas descrições e afins)

A caminhada em direcção ao centro histórico começou a ficar mais bonita quanto mais no aproximávamos do mesmo. Ficam as fotos com algumas pequenas descrições:

Ainda antes de chegar ao centro histórico passámos por uma avenida cheia de escolas com uma bonita arquitectura, tal como esta.

A famosa Famosa, tal como o nome indica, é famosa. Também conhecida como a Porta de Santiago, é o que resta de uma fortaleza edificada pelos Portugueses em 1511.

O interior das ruínas da Igreja de São Paulo

A vista da cidade do topo da colina onde se encontrava a Igreja de São Paulo

A Igreja de Cristo construída pelos Holandeses em 1753


Finda a visita ao centro histórico da cidade passámos o rio e fomos em busca das atracções da Chinatown

A paragem que se seguiu não teve direito a fotos dada a sua proibição. Falo da casa-museu Baba-Nonya, que representa a cultura Nonya através desta casa Peranakan tradicional, retratando o estilo de vida e os costumes desta etnia chinesa que há muito se instalou em Melaka.

Cheng Hoon Teng é o templo chinês mais famoso de Melaka e o mais antigo de toda a Malásia, tendo sido construído somente com materiais importados na China em 1646.

Como a placa sugere, a nossa última paragem entes de almoço foi o Masjid Kampung Kling, uma mesquita com influencias arquitectónicas Hindus remetidas pelos antigos templos da Sumatra.

Após o almoço tardio, seguimos em busca da sobremesa mais famosa da Malásia, falo de uma combinação de gelo picado, leite do coco, açúcar de palma, uma espécie de gomas, feijão e quem sabe mais o quê! O nome desta sobremesa é Cendol!

No regresso ao hotel passámos pelo museu naval, onde pudemos ver deste antigos barcos usados nos descobrimentos até modernos navios de guerra.

Finda a visita a Melaka propriamente dita, regressámos ao hotel e seguimos até ao antigo bairro português para nos despedirmos dos amigos lusos que tínhamos feito no dia anterior.

Visto a memória começar a falhar findos 2 meses entre o que vos relato e a escrita deste mesmo relato pouco mais tenho a acrescentar do que o nosso regresso ao hotel para o merecido descanso depois de muito caminhar.

Esperemos que não demore outro dois meses para escrever o post final sobre Singapura!!!


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