domingo, 13 de março de 2022

Dia 46, 47 e 48 - Recife, Olinda e viagem para Porto Galinhas

Dia 46 - Recife

Noite curta e mal dormida, seguida de uma manhã que não foi mais longa devido ao horário do pequeno-almoço (que ninguém sabe o que é, aqui é o café da manhã!). De notar que os cafés já saem da máquina com açúcar, o que foi algo estranho e difícil de me habituar por estas bandas.

Este dia foi passado dentro de portas, visto que entre o almoço e o trabalho, não saí do hotel. Apenas saindo por volta das cinco da tarde para uma caminhada pela praia ali na zona de Pina/Boa Viagem, antes de se fazer noite, visto que pouco depois das seis da tarde, no Nordeste Brasileiro, a noite cai.




Uma pequena curiosidade. Parece que há uns anos atrás decidiram fazer um grande matadouro em Recife muito perto do mar, sendo que o seu esgoto ali deságua. Esgoto de matadouro é sinónimo de de sangue, o que por sinal atrai tubarões, o que torna as praias do centro de Recife não recomendadas para banhos. De notar que mesmo ao fim do dia, o calor e a humidade se tornam algo insuportáveis e quase difíceis de lidar.

Voltei ao hotel, tomei uma banhoca e fui jantar com um colega meu de trabalho que vive em Recife. Demos uma volta de carro pela cidade e fomos comer um bom bife brasileiro... a uma churrasqueira americana! Não perguntem!

No processo tratei de arrancar um cartão SIM brasileiro para o telemóvel, visto que o peruano deixou de funcionar. Já sabia que seria difícil encontrar quem me vendesse um cartão, mesmo pre-pago, sem CPF (uma espécie de número de contribuinte). O meu colega António tratou de me ajudar no processo usando os seus dados e tudo correu bem.

De notar que o CPF é brutalmente importante por estes lados, o que torna a vida de estrangeiros extremamente difícil na compra de várias coisas, como cartões SIM, bilhetes de autocarro, bilhetes de avião, etc.

Hora de recuperar o sono ainda em falta, amanhá é outro dia!



Dia 47 - Olinda e Recife Velho

Acordei cedo, mais revigorado depois de uma boa noite de sono, tomei o pequeno-almoço e peguei cedo ao trabalho, para poder ir para a má vida assim que possível!

Ao sair do hotel, pouco depois da uma da tarde, o calor era abrasador e avassalador, bem pior do que no dia anterior! Apanhei então um taxi para o centro histórico de Olinda, onde fui abordado por um simpático guia a oferecer me um tour pela cidade. Peguntei o preço e ele disse me que era gratuito, com uma gratificação opcional no fim. Ainda insisti em busca de valores, mas ele disse que se eu não gostasse não tinha que pagar. Aceitei, mas disse que primeiro tinha que almoçar! Estava faminto e desejoso de provar uma iguaria local: peixe fresco!


O guia recomendou me um restaurante, que alegadamente servia muito bem (e caso sobrasse, para pedir para levar os restos para as crianças órfãs a cargo da igreja),  e mandou vir o prato mais popular da terra: Peixe ao molho de camarão. Chega me uma monumental travessa de peixe (enorme posta) cheia de pimentos em cima, arroz e pirão (molho de peixe engrossado com farinha de mandioca). Apesar dos pimentos, que pus para o lado, a refeição estava bastante boa! Quando a conta chegou é que percebi que a comida tinha sido para duas pessoas (por vezes é complicado encontrar um restaurante que tenha pratos individuais... muito estranho! O standard é para duas pessoas), e o preço bem caro: quase 30€ a refeição! E eu que pensava que o Brasil seria barato...


Seguimos então pela cidade dentro, muito bem preservada, património da humanidade e muito colorida! As cores das casas devem se ao facto de antigamente as mesmas não serem numeradas, portanto para uma carta ser entregue, seria para a seguinte morada: Casa Vermelha, Rua Nova. 


Outra curiosidade de Olinda é o facto de casa, igrejas e pavimentos terem sido feitos com o coral que ficava descoberto na maré vazia, coral esse que após extraído, anos mais tarde teve que ser substituído por pedras para travar o avanço das águas.


Visitei várias igrejas, mas sem nada que impressionasse. Interessante também o facto de algumas heranças Holandesas de quando ocuparam esta parte do Brasil. Mais interessante para mim foi o ambiente que aqui se vivia! O melhor exemplo que tenho é uma pessoa sair à rua a tocar triangulo/ferrinhos, de seguida duas pessoas seguem essa pessoa a dançar, alguém sai de uma casa com um tambor e segue a tocar na rua, e o crescimento desta festa de rua foi exponencial, passando de uma pessoa a tocar ferrinhos a uma mini banda e algumas dezenas de pessoas a dançar a sua volta pelas ruas da cidade! Incrível!

Mais tarde vim a saber que essa festa de rua continuou, e ficou bem grande, ao ponto de chamar à atenção do presidente da câmara, aumentando as restrições devido ao COVID desse Domingo em diante.

Gostei muito da cidade e a impressão era claramente positiva até à hora de abalar, quando me estava a preparar para dar ao guia 50 reais (cerca de 9€) ele ficou ofendido e agressivo a dizer que queria mais, que no mínimo lhe pagavam 200 reais pelo tour. Descontente mas ansioso para saír dali, dei-lhe 120 reais (cerca de 20€) e abalei de Uber em direcção ao centro de Recife.

Praça do Marco Zero - O lugar onde os Portugueses fundaram o Recife em 1537

Caminhei pouco mais de uma hora pelas ruas do centro do Recife antigo, nomeadamente a Praça do Marco Zero, Museu Cais do Sertão, Paço Alfândega e Paço do Frevo, com uma aguinha de coco pelo caminho. O centro pareceu me bonito, mas pouco simpático.

As primeiras impressões do Brasil não eram as melhores e o Peru já deixava saudade!

*Spoiler Alert* Com o tempo a impressão foi melhorando!

Voltei ao hotel para acabar o trabalho em falta, ainda cheio do almoço nem quis jantar, de modo que foi uma noite para fazer a mala e relaxar porque o dia seguinte é de viagem!



Dia 48 - Viagem para Porto Galinhas

Manhãs aborrecidas as minhas: Pequeno-almoço, trabalho, almoço, trabalho.

O próximo passo foi apanhar um Uber para o terminal de autocarro para seguir para Porto de Galinhas, viagem de duas horas que levou mais de três: um presságio do que estaria para vir nas minhas viagens terrestres pelo Brasil: demoradas, desconfortáveis e regra geral, caras!


Cheguei ao meu destino já era fim de tarde, como se vê na bonita foto a cima que tirei do autocarro em movimento, mostrando uma bela planície alagada repleta de não tão belos mosquitos. Escusado será dizer que em dois dias em Porto Galinhas fui mais picado por mosquitos do que em mês e meio no Peru, incluindo vários dias na selva amazónica!

Fiz check-in no hostel, e fui da ruma voltinha pela terra, já de noite. Gostei muito do ambiente de Porto Galinhas, um clássico destino de férias com infinitas opções de lojas de lembranças, traquitanas de praia e muita opção de comida e bebida! A minha fome e desejo por açaí, tornou-o o meu jantar!

Antes de regressar a base para invariavelmente acabar o meu trabalho, passei no supermercado para comprar comida para o meu pequeno-almoço dos próximos dias visto ter acesso a cozinha.

Trabalhinho, xixi, cama!

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