domingo, 26 de dezembro de 2021

Dia 11 e 12 - Natal na Montanha das Sete Cores e viagem para Águas Calientes

 Dia 11 - Natal na Montanha das 7 Cores

Aproveitei a folga extra de Natal para ir explorar um pouco mais os Andes! Acordei cedíssimo, desta vez não por culpa do jet lag mas sim porque às 4.30 da manhã já tinha um mini bus a esperar-me para me levar à Montanha das Sete Cores!

Tomamos o pequeno almoço numa pequena aldeia antes de seguirmos montanha a cima por estradas de terra, mesmo à beira do precipício. Curiosa a mudança da vegetação à medida que íamos subindo dos cerca de 3500 até aos 4700 metros de altitude. Quanto mais subíamos, menos e mais rasteira era a vegetação. De notar a grande e improvável presença de eucaliptos (parece que foram introduzidos nesta zona montanhosa e extremamente fértil devido a ser a árvore que mais rápido cresce, e portanto mais económicamente rentável é) e talvez ainda mais estranho, a existência de cactus na neve!

Antes de continuar o relato queria só reforçar o quão diversa é a cultura e gastronomia peruana. Este país é maioritáriamente atravessado pela maior cordilheira montanhosa do mundo, os Andes, tem mais de 60% do seu território coberto pela selva Amazónica e ainda tem a sua longa e árida costa! Três climas totalmente dispares que trazem todo o tipo de legumes dos férteis vales andinos, frutas de todos os tipos e feitios da selva amazónica e vinho e peixe da zona costeira! Adiante...


Ao chegarmos a início da nossa caminhada fiquei surpreso com a quantidade de neve que havia no topo das montanhas. Estava a 4700m de altitude e estava nervoso a nível de como seria a minha reacção física a esta caminhada e também ao meu nível de agasalhos (tshirt + camisa + casaco + corta vento + lenço, ainda tinha um gorro na mala mas nem usei!).


O caminho começou com uma subida ligeira e com uma variedade de climas interessante. Apanhei chuva, sol, muito vento e até nevou pelo caminho!!


Muitos optaram por fazer o caminho a cavalo, e muitos outros decidiram apanhar a boleia do cavalo a meio caminho.

Não vou mentir e dizer que foi fácil, aliás, atrevo me a dizer que foram os 5km mais difíceis da minha vida, especialmente o último quilometro em que o caminho ficou muito mais íngreme! Tenho estado a tomar comprimidos de Acetazolamida (medicamento receitado para me adaptar melhor à altitude), e comi uns rebuçados de mel e coca pelo caminho que também ajudam (tal como o chá de coca ou de muña, uma espécie de menta). Ainda assim não deixei ter que fazer dezenas de breves paragens para respirar convenientemente e deixar o ritmo cardíaco baixar antes de seguir caminho. Nunca o "devagar se vai ao longe" fez tanto sentido!

Já se começavam a notar algumas cores...


Todo o esforço valeu a pena e o explorador chegou ao topo para poder desfrutar desta bela vista! Definitivamente um Natal diferente, certo? Um Natal a 5036m de altura! Estava em altas!


O que seria do Natal sem comida boa? E num restaurante com vista! Duas pedras com uma tábua em cima, onde me sentei, uma travessa de esferovite com Chicharron de Alpaca (uma espécie de guisado/fritada de Alpaca) e um chá de coca para aquecer! Juro que me soube pela vida! Em tom de curiosidade, foi me dito que a carne de Alpaca é a única sem colesterol!


Uma última vista para o glaciar com as neves eternas dos Andes antes de iniciar a descida.

O início da descida foi algo complicado visto o chão ser uma mistura de lama, pedras e gelo e ser bastante escorregadio. Nunca a bengala deu tanto jeito!

O resto do caminho foi bem mais pacífico montanha a baixo. Cheguei por volta do meio dia e estava de rastos. Adormeci no minibus, parámos para almoçar, adormeci novamente e só acordei no regresso a Cuzco!

De notar o relativo elevado número de turistas Peruanos a fazer esta caminhada, todos de Lima.

Chegado a Cuzco foi tempo de ligar à família a desejar bom Natal, tomar uma banhoca e cama!

Dia 12 - Viagem para Águas Calientes

Incrivelmente não acordei cedíssimo, mas cedo o suficiente para avançar o trabalho o mais que pude, visto ter um dia de viagem pela frente! Mala feita, que não tendo mais coisas parece cada vez mais cheia!! Check out, adeus e bom dia! Estava na hora de nos fazermos à estrada.

Para o pequeno almoço decidi experimentar uma Chicha de morango, que não era mais do que morangos fermentados com água e açúcar! Não deve haver muitas formas piores de começar o dia! Um bolo e uma banana compensaram o estrago anterior!

Primeira missão, arranjar forma de chegar a Ollantaytambo! Arranjámos um colectivo (veículo com preços geralmente mais caros que um autocarro, mas regra geral mais rápido e confortável; no fundo é um carro/carrinha com um certo destino, que assim que enche segue viagem) que demorou a partir... aproveitei o tempo para trabalhar um pouco no que podia fazer através do meu telemóvel! Bendita tecnologia! Seguimos numa viagem de certa de hora e meia até Ollantaytambo. Pelo caminho metade da estrada estava bloqueada pelas recentes desabamentos de terra.

Plaza de Armas de Ollantaytambo

Terra aparentemente agradável, local onde iriamos apanhar o comboio para Águas Calientes, também conhecida como Machu Picchu Pueblo. Ficou a vontade de voltar!

Tratámos de seguir até à estação de comboios comprar os bilhetes. Ou deverei dizer ser roubado?! Não há outra alternativa de ir até ao Machu Picchu se não usando uma das duas companhias de comboios. Gerou-se um monopólio e a procura turística é insana, portanto, onde um Cusquenho paga 15 soles (3€) um Peruano paga 30 soles (6€) e um turista estrangeiro para 550 soles (cerca de 120€) para ir e vir de comboio!!! Um pouco revoltante, mas adiante!

Para embarcar no comboio era necessária dupla máscara ou KN95, mais viseira, mais certificado de vacinação, mais uma declaração jurada de como não temos nenhum sintoma compatível com COVID. O resultado foi este.


A viagem de comboio foi bastante agradável, em carruagens panorâmicas, com ar condicionado, e pela maioria do caminho até tinha sinal de telemóvel, o que me deixou usar os dados móveis para trabalhar no computador. Tivemos ainda direito a um pouco de musica e dança ao vivo para animar a malta. Engraçado, mas preferia ter pago bem menos pela viagem e não ter tantos luxos.

Chegádos a Águas Calientes as primeiras impressões foram boas, numa pequena vila com cerca de 2000 habitantes, rodeada de montanhas e dois rios, totalmente virada para o turismo, daquele cliente que vem uma vez e não volta mais. É um ponto de passagem, ninguém, fica. Os preços são geralmente mais caros que noutros lados a nível de alojamento ou mercearia, mas especialmente a nível de restauração! Muito artesanato e muitas bancas viradas para o turista.

                  

Gostei tanto da minha alpaca de natal que quis repetir a dose, mas só encontrámos Alpaca à la plancha, que no final de contas era um bife frito e sem graça. Que desilusão! Mais desilusão só mesmo por ser sido quase o dobro do preço da média das refeições nos últimos dias.

Notas importantes, só numa mercearia é que me aceitaram pagamentos com cartão, de resto, tudo em dinheiro (hotel e restaurantes) de bónus, a maioria das caixas multibanco não tê dinheiro!





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