sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Dia 16 - Lago Titicaca - Ilhas Flutuantes de Urus e Amantani

 Dia 16 - Ilhas Flutuantes de Urus e Amantani

O autocarro chegou mais cedo, por volta das 5 da manhã e eu estava completamente de rastos. Fui recebido por um fulano da agencia de viagens e trouxe-me a um hostel onde teria que esperar até ao pick up que seria por volta das 7, mas acabou por ser mais perto das 8! Aproveitei o tempo para acabar o trabalho que ficou em falta do dia anterior e escrever mais um bocadinho do blog! O tempo é precioso!


Seguimos então até ao porto de Puno, a porta de entrada para o Lago Titicaca (significa puma de pedra), para apanharmos o barco em direcção às ilhas flutuantes de Urus. Ilhas muito interessantes que são feitas de raízes de papiros atadas umas às outras, o que faz a base de flutuação, e depois são colocados por cima papiros frescos regularmente (a cada 2-3 semanas dependendo de estado do tempo) visto que as camadas inferiores vão apodrecendo. O "chão" era incrivelmente fofo e estável. E as ilhas são ancoradas, se não iriam literalmente para onde o vento as levasse!

As comunidades de Urus são pré Incas de modo que aqui têm vivido há centenas de anos. As casas são também feitas de papiros (que também dão para comer), mas nos dias de hoje em dia são construídas em cima de uma base de madeira, e os tectos tem revestimento plástico para evitar a entrada das chuvas. Ainda assim nestas comunidades os problemas de ossos devido há elevada humidade são uma constante ainda nos dias de hoje.


Interessantes tradições nesta comunidade que nos dias de hoje infelizmente vive maioritariamente do turismo. Pesca e contrabando com a Bolívia, com quem o Peru divide o lago Titicaca, são outras das actividades locais.

Dia 30 era dia de eleições do presidente daquelas ilhas (eleito todos os anos) e cada família, nunca mais de 5 famílias por ilha colocavam bandeiras da cor do candidato que apoiavam.


Passámos então de uma ilha a outra num barco feito de papiros, onde tive tempo para beber um cafezinho antes de seguir para Amantani.




Chegados à ilha de Amantani, a maior ilha Peruana no lago Titicaca, tivemos que subir uns bons 15 minutos até à casa da família que nos iria acolher por dia e meio. A subida foi íngreme e algo pesada, num lago que tem as suas águas a 3800m e o topo das suas montanhas a cima dos 4000m, o ponto mais alto do lago. Chegados tivemos direito a cerca de uma hora de descanso. Prontamente adormeci! 
Hora do almoço e família (mama Justa e papa Adolfo) tinha-nos preparado uma deliciosa sopa de quinoa e vegetais (já tinha saudades de uma comida caseira!) e um prato com salada de cenoura, tomate e pepino, três tipos de batata e uma fatia de queijo grelhado (uma espécie de halloumi, mas algo azedo). As pessoas nesta ilha são bastante pobres e vivem de pouco mais do que agricultura de subsistência e do turismo. São maioritariamente vegetarianos porque não há dinheiro para carne, e esta zona do lago é muito funda e a pesca não é fácil.


Chegou a hora de caminhar-mos até aos dois topos da ilha, cada um com um templo no seu cume, mas antes ainda deu para uma breve partida de futebol com a criançada local! Dar 3 toques na bola e uma corrida de 5m a quase 4000m de altitude é um pincel acreditem!

Subimos e fomos brindados com vistas incríveis e com um por do sol belíssimo neste lago que parece um mar! Nos templos fizemos uma um ritual local que consistia em dar 3 voltas ao templo no sentido anti-horário, com de 3 folhas de coca na mão, que seriam então atiradas contra a porta do templo como uma oferenda. O retorno seriam 3 desejos. Veremos!


Montanha a cima fomos recomendados a mascar folhas de coca para ajudar com a altitude, mas o sabor era muito mau mesmo, então saltei fora do barco. Uma curiosidade é que só acima dos 4000m é que há sinal de telemóvel e consequente internet. Muitas casas ainda não têm eletricidade e as que têm muitas vezes é apenas para iluminação. Outra curiosidade é o facto da combinação do céu com as águas e a luz do sol darem sempre fotos incríveis!


Descemos em direcção às nossas "famílias", onde jantámos antes de seguir para a "discoteca" um pavilhão multi usos onde houve musica ao vivo (um bombo, uma flauta de pan e uma espécie de ukulele). A custo e alguma vergonha, com os trajes tradicionais acabámos por fazer a festa.

Aina não eram 10 da noite e já estava tudo de rastos! Os turistas que muito caminharam e dançaram (e eu pouco dormi) e os locais que geralmente acordam antes das 5 da manhã.

Tomei um duche quentinho numa cabina no quintal, que apesar de atacado por todo o tipo de insectos atraídos pela luz me soube pela vida!

Xixi, cama!

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