segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Dia 29, 30 e 31 - Selva Amazónica - Reserva Pacaya Samiria

Dia 29 - Iquitos - Nauta - Puerto Miguel (Pacaya Samiria)

Acordei cedo para tratar de uns assuntos que infelizmente não conseguir resolver e segui viagem de tuk tuk até ao colectivo que me levou para Nauta, 100km a sul de Iquitos (pouco mais de 2 horas de caminho), onde apanhei um barco que desceu o riu Marañon até à sua união com o rio Ucayali, onde é o início oficial do rio Amazonas. Subimos então o rio Ucayali até uma pequena aldeia à beira do rio chamada Puerto Miguel, uma das comunidades nativas presentes no na reserva natural de Pacaya Samiria. A viagem de barco foi de cerca de 3 horas.


Em Iquitos já se sentia, mas no meio da selva, a temperatura e a humidade são altíssimas, pelo que não parei de suar e de beber água durante todo o meu tempo por estas bandas!



O albergue era simples, mas acolhedor, num edifício erguido sobre estacas para proteger da subida das águas do rio e da bicharadas que por ali anda, se bem que verdade seja dita, a malta que ali vive pouco se importa com bicharada, desde a tarantula do tamanho de um punho a um caimão de 2 metros. Um edifício inicial tem no primeiro andar um pequeno armazém, e nos dois a cima zona de relax com camas de rede. Depois no centro do complexo ha duas salas, uma de jantar e uma de estar, com mais camas de rede por cima, vários quartos para hóspedes, guias e locais e uma zona de cozinha. Os quartos eram gigantes e simples com uma rede mosquiteira por cima da cama digna de fazer muitas princesas invejosas por este mundo fora. Havia água corrente e duche e casa de banho privada, mas toda a água era directamente bombeada do rio, pelo que a sua cor era castanha escura e obviamente impropria para consumo.



Cheguei, larguei a tralha e fui almoçar (frango, arroz, lentilhas e salada) enquanto conversava com um grupo de espanhóis que estava de saída. Fui dormir uma sesta antes de sairmos de barco na nossa primeira aventura pela selva!


Vimos muitas aves! Fiquei genuinamente surpreso com a quantidade de aves de rapina que há por estas bandas, algumas bem grandes! Vimos macacos e com o cair da noite iniciou-se a nossa busca por caimões! Com o cair da noite, caíram milhares de mosquitos em cima de nós que ignoravam litros de repelente para poderem provar umas gotinhas de sangue desta carne importada! O menu do dia eram 2 italianos, um polaco e eu!

A busca e caça por caimões foi longa e difícil, visto que a noite estava bem escura e a busca consistia no barco em movimento, conosco à procura dos olhos dos caimões à superfície. O reflexo dos olhos era incrivelmente vermelho, mas para ver mais do que o reflexo dos olhos foi um desafio muito grande para a minha vista não treinada! Vista a nossa moderada insatisfação o nosso guia ofereceu-se para caçar um caimão e assim o fez! 

A minha carinha de miúdo contente revela muito da emoção daquela caçada! Depois de fotos e vídeos para o espalhafatoso tiktoker italiano, soltamos a nossa querida bestinha e seguimos em direcção à base para jantar. 

Trocámos histórias com outros exploradores, as 22h a luz do gerador apaga-se e só há electricididade no outro dia. Fomos dormir que o despertar no dia seguinte é às 5h para ver o por do sol e ir em busca de preguiças!




Dia 30 - Pesca de dia e selva à noite

Acordámos bem cedo para sair antes do nascer do sol, para vermos contemplar-mos em primeira mão! O nevoeiro não deixou, dedicámo-nos então à busca por preguiças, que alegadamente nas primeiras horas da manhã saiam do interior da floresta para a sua orla em busca de calor. Não apareceram, sendo que a única, mas grande preguiça que encontrei foi a minha!


Voltámos para o pequeno almoço antes de sairmos novamente, desta vez numa expedição de pesca, na esperança de animar o nosso almoço! A caminho passámos por um macaco pequenino que andava a infernizar a vida das crianças locais, que queriam brincar ao pe do rio.Muitas horas depois, algo desiludidos apesar de que cada vez que sacávamos um peixe a emoção era enorme! Uma piranha, um peixe-gato, um peixe listrado que não sei o nome e 4 sardinha (nada a ver com as sardinhas de mar) foram o resultado da pescaria, que fez parte do nosso almoço.


 Estava muito curioso relativamente ao sabor da piranha, mas na verdade todos os peixes sabiam mais ou menos ao mesmo (talvez devido ao tempero). Saímos para visitar a aldeia e beber uma cervejinha no "bar" local. Pena não ter fotos da aldeia...

Uma das melhores fotos de uma ave de rapina! Conseguem ver a "mama vieja"?

Dormi uma longa sesta, jantámos antes da nossa primeira saída a pé pela selva. Mas sem antes desfrutarmos do evento local, uma monumental tarantula, maior que o meu punho estava na casa de banho, no quarto de duas moças. Sempre que fui ao wc daí em diante, tinha uma vistoria de segurança, prévia! Enfrentámos a noite escura equipados de repelente e lanternas seguimos selva a dentro em busca de mais bichos! Os bichos definitivamente encontram-nos! Tanto mosquito em algumas partes! Vimos tarantulas, uma micro jiboia, muitos sapos, um pássaro branco e azul e um "zorro" que não sei como se chama em português, um pequeno felino que vive nas arvores. Definitivamente a estrela da noite! 

                

Voltámos trocámos algumas histórias com os parceiros de aventura e fomos descansar!



Dia 31 - o dia em que o céu nos caiu em cima

Um dia mais tranquilo, levantámo-nos pouco depois das 8 para tomar o pequeno almoço e sairmos até à aldeia para ver-mos a jiboia que um aldeão tinha como animal de estimação. Os Italianos do nosso grupo queria uma foto e video com uma jiboia a força, e como não a vimos na selva, lá fomos nós!


Saímos então de barco para ver árvores grandes. Estava na esperança de ver o "espirito da floresta" como eles lhe chamam, uma arvore com alegadamente mais de 600 anos, que são precisas cerca de 20 pessoas para a abraçar! Nunca vi algo tão grande e tinha muita vontade, mas a chuva forte não nos permitiu caminhar até lá!

Onde está o wally-aranhiço?

Falando em chuva, levando 4 dias na selva estava admirado de ainda não ter apanhado chuva alguma... mas não perdi pela demora! Aliás, ganhei a maior molha da minha vida! Nunca vi tanta água a cair do céu ao mesmo tempo, e nós no nosso barquinho! Não havia um milimetro de qualquer peça de roupa que eu tivesse vestido que não estivesse ensopado! Incluindo as meias dentro das botas de borracha até ao joelho!

Chegando ensopados ao nosso destino, a lama e o declive eram demasiados para subirmos sem rastejar! Então o guia e a sua catana descalçou-se e subiu a enlameada encosta com a sua catana para cortar algumas arvores para fazer uma espécie de rampa e pontos de apoio para subirmos aqueles 5-6 metros sem nos transformar-mos em homens de lama!


Já lá em cima, ligeiramente protegidos da chuva torrencial, não estávamos protegidos dos mosquitos, que partilhavam conosco o abrigo da chuva. Numa breve caminhada, encontrámos grandes pegadas de jaguar, que perante o seu tamanho e definição foram bastante impressionantes!

Chegamos então ao nosso destino, uma arvore com cerca de 200 anos com algumas dezenas de metros de altura e outros tantos de largura com as suas longas raízes aéreas que sobriam uma enorme área concentrando-se no centro do tronco principal! As águas podem subir até quase 10 metros, pelo que só dessa altura para cima, a árvore começa a ter folhas.



Seguimos então de volta à mini civilização. Não tinha muda de roupa e estava totalmente encharcado! Tive que ir três vezes à aldeia em busca de alguém que me vendesse uns calções... a muito custo e a troco de 8-9€ lá consegui! Que aventura!

Almoçámos e despedimo-nos dos colegas de aventura que ficaram mais dias na selva e seguimos de barco sob chuva e vento, que tornaram a viagem de pouco menos de 3 horas algo desagradável até Nauta, onde nos esperava uma carrinha para nos levar de volta a Iquitos!

No caminho combinei ir jantar com um colega de aventura, mas no final de contas estamos todos demasiado cansados, ensopados e adoentados para fazer o que quer que fosse! E amanha era dia de trabalho!

Xixi, cama!












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