terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Dia 51 e 52 - Ho Chi Minh City e Cu Chi

Dia 51:

Após uma noite muito mal dormida na viagem entre Dalat e Ho Chi Minh, por volta das 5h da manhã, chegámos à maior cidade do Vietnam (cerca de 10 milhões de habitantes, quase o dobro da população do Laos). Aqui somos recebidos com calor e humidade, uma tropicalidade que nem em Bangkok experimentámos, e ainda menos às 5h da manhã.  Chegámos com pé atrás, carregados com más recordações da loucura de Hanoi. Na verdade encontrámos uma enorme e populosa cidade, mas ao contrário de Hanoi, com alguma ordem: ruas com apenas um sentido, mais semáforos e mais gente a respeitá-los, passeios largos com vegetação e sombra (em oposição aos passeios estacionamentos de motas intransitáveis), etc.

Tentámos fazer check-in no hotel, mas não nos foi possível, dado não haver quartos disponíveis: check in só a partir das 12 horas. Eram 5h30! Deixámos as grandes e pesadas mochinas e fomos descobrir como é o acordar da metrópole.

Ho Chi Minh City ao nascer do sol

O primeiro destino foi o jardim botânico. No caminho vimos muita gente a fazer desporto ou a comer nos recém abertos cafés e bancas de rua. O jardim não era nada de especial com muito lixo e uma espécie de cemitério de parque de diversões. Passámos a ponte e parámos num banquinho à beira rio para comer o pequeno almoço. Aqui vimos muita gente a praticar desporto (ainda mais que antes). Às 7h seguimos para a Jade Emperor Pagoda, um templo chinês com pouco mais de 100 anos. Para mim o melhor foram os trabalhos em madeira que ornamentavam o templo e os lagos cheios de peixes e tartarugas (que são vendidos à porta do templo, para serem soltos, alegadamente em troco de sorte para toda a vida). De resto estátuas chinesas, multidões e muito incenso ornamentavam o restante espaço. 

O exterior da Jade Emperor Pagoda

Havia centenas de tartarugas naquele lago!

Seguimos então para o War Remnants Museum. Após a visita, eu diria que é o melhor que a cidade tem para dar. No exterior há uma exposição de veículos militares usados durante a guerra. No interior há uma exposição de fotografias de guerra em honra de todos os jornalistas que morreram em guerra, uma exposição sobre as condições das prisões na guerra do Vietname, uma exposição de diversas manifestações de apoio/apelo ao fim da guerra do Vietname, tudo isto num ambiente um tanto ao quanto de propaganda. O melhor e mais chocante foi a exposição sobre os crimes cometidos pelos EUA durante a guerra. Um conjunto de fotos e armas ilustra as atrocidades que aqui tiveram lugar e as consequências das mesmas ainda presentes nos dias de hoje. Destaque para o Agente Laranja, uma arma química que contém dioxinas que matou milhares de pessoas, plantas e animais. As fotos de pessoas afectadas pelas armas químicas, e os seus descendentes (pelo menos até à 3ª geração) eram de facto, e nunca é de mais reforçar, chocantes. Mais de 400000 pessoas morreram ou sofreram graves complicações e mais de 500000 crianças nasceram com malformações por causa do Composto Laranja.

Exposição exterior

Uma das inúmeras fotos em exposição

A última paragem antes de almoço foi o decepcionante Palácio da Reunificação, palco da rendição do do Vietname do Sul para o Norte a 30 de Abril de 1975. O edifício é grandioso com uma arquitectura moderna e sem grande interesse. O interior tem divisões muito amplas com uma decoração simples e sem grande interesse, talvez à excepção da Sala dos Embaixadores. Sob o palácio há um bunker com meia duzia de divisões: quarto e escritório do presidente, salas de comunicações e uma sala de comando. Todo o palácio era rodeado por um grande jardim.

Sala dos embaixadores

Fachada do Palácio

Esfomeados decidimos fazer uma extravagancia: fomos à Pizza Hut comer uma enorme pizza cheia de carne e queijo. Soube-nos pela vida!

Seguimos então até à Catedral de Notre Dame (é mesmo o nome). Um edifício de tijolo surpreendente, especialmente para este parte do mundo, dada a sua imponente envergadura. Não pudemos entrar por apenas abrir para a missa matinal os Domingos.

Notre Dame

A última paragem do dia foi o Mariamman, um templo hindu muito bem referenciado, que se revelou algo decepcionante.

Mariamman

O resto da tarde foi dedicado a procurar quem nos levasse aos Túneis de Cu Chi e ao delta do Mekong nos dias seguintes. Dia 5 vamos (fomos) a Cu Chi e dia 6 vamos subir  de barco o delta do Mekong até à fronteira com o Camboja, onde iremos pernoitar. No dia seguinte passamos a fronteira e seguimos para a capital: Pnom Penh.



Dia 52:

Acordámos cedo e revigorados, prontos para um pequeno almoço asiático, que nunca pensei comer com tanto prazer: uma sopa de noodles.

Seguimos então para Cu Chi, apenas com uma pequena paragem numa espécie de feira de artesanato feito por pessoas com deficiências. Esta infraestrutura foi criada pelo governo para tirar estas pessoas das ruas (pedintes, incapazes de trabalhar) para que os mesmos pudessem fazer algo em sua prole. Aqui vimos todo o processo de criação do lacre. Muita coisa bonita vimos por aqui, de bibelots a mobília.

A explicação do processo de lacragem

Em Cu Chi vimos um pequeno filme introdutório sobre a guerra, onde se localizava a maior rede de tuneis (mais de 200km) usados pelos Vietcongs para se esconderem e combaterem os EUA. De seguida caminhámos um pouco pela selva, onde vimos como estes combatentes viviam, diversas armadilhas usadas durante a guerra, túneis, crateras de bombardeamentos e rebentamento de minas. Experimentámos a gastronomia dos combatentes que chegaram a viver 13 anos no subsolo: chá e tapioca cozida. Devido à destruição causada pelo Agente Laranja, apesar de pouco nutritivo, o bolbo de tapioca era o único alimento disponível. Os combatentes raramente pesavam mais de 50kg. Antes de irmos embora ainda tivemos tempo para disparar uma Kalashnikov real e de caminhar um pouco num dos claustrofóbicos túneis com cerca de 1,2m de altura e 0,8m de largura até a uma profundidade de 12m. De salientar que estes túneis, com as dimensões que mencionei foram bastante alargados para que pudessem ser visitados por turistas.

Os meus ombros nem cabiam na entrada!

Os caminhos entre a densa selva

Um tiro!

Os (já alargados) estreitos tuneis.

De regresso à cidade vimos a fachada da câmara municipal e demos uma volta pelo mercado para fazer as compras para o dia seguinte. Curiosidades: o mangustão custa o mesmo que a laranja e os rambutões (semelhantes a lichias) ficam a metade do preço. Experimentámos duas frutas:
  1. Logan - por fora parece uma espécie de bolota e por dentro é semelhante à lichia ou ao rambutão. O sabor nada tem a ver. Não gostei.
  2. Caimito - parece uma esfera perfeita de cor uniforme. O interior tem uma polpa branca e doce. Nunca comi nada semelhante. Come-se, mas não é nada de especial.
Mercado de Ben Thanh

A Câmara Municipal.

Amanha seguimos para o delta do Mekong, que iremos subir de barco, e pernoitar na fronteira com o Camboja. Dia 6 já ficamos em Pnom Penh, capital do Camboja onde planeamos ficar 2-3 noites antes de seguirmos ou para o sul onde há bom marisco e luxuriosas ilhas e depois para Siem Reap, ou directos para norte para Siem Reap para ver o Angkor Wat.

Até já!




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