sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dia 20 - Chiang Mai: Cozinha, Templos e Mercados

Acordei cedo para ir para uma aula de cozinha tailandesa, fui o primeiro a chegar e deu para dar uma vista de olhos às instalações. Uma área frontal com duas cozinhas (a baixo a foto de uma delas), duas mesas de refeição e outra de trabalho. Nas traseiras havia um jardim biológico muito bonito com um poço e com diversas plantas: 3 tipos de manjericão (nenhum como o que conhecia), 2 tipos de coentros (o que todos conhecemos e um com folhas com espinhos), malaguetas, alho, cebolinho, erva príncipe, 4 tipos de canas com bolbos comestíveis (o gengibre comum, galanga e um terceiro bolbo semelhante mas de interior vermelho e açafrão da terra), 2 especies de limas (a tradicionais e a kaffir), e mais 2-3 plantas que não consegui decorar. Usámos quase tudo!


A aula começou com uma ida ao mercado para vermos os diferentes ingredientes, como escolhê-los, etc. Aqui no pequeno mercado que fomos (cerca de 20-25 bancas) pude encontrar mais de 15 diferentes tipos de arroz (incrível!), 4 tipos de tofu, inúmeras frutas, etc.

O delicioso mangustão que falei num post anterior. Aqui o preço do kg está a 150 Bahts, cerca de 3,35€, preço muito inflacionado segundo a Chef pela péssima colheita deste ano, porque no ano passado o preço do kg rondava os 40 Bahts! Se assim fosse não comia eu outra coisa... que delícia!

Voltámos então para a escola e fomos recebidos com um Meang Kum. Um aperitivo tradicional do norte da Tailândia, composto por uma folha de betel (não conhecia sequer a planta, aqui é tudo novo!) que era dobrada em 4 em forma de cone. Eram então recheada com lima, malagueta (esta passei), cebola, gengibre, amendoim e coco torrados. Por fim era regada com um charope de açúcar de palma, cebola, gengibre e sal, sendo comida de uma vez só! Contra todas as odes dada a combinação dos ingredientes, era delicionso!


Fomos então para a cozinha e era então hora de fazer um prato bem famoso (para os estrangeiros) da cozinha tailandesa: Pad Thai. Não me vou alongar muito nas descrições dos pratos nem na sua confecção para não aborrecer o non-cooking-geeks. Fica só uma curiosidade: segundo a Chef, 90% dos pratos tailandeses têm mesmo tempero. Em proporções e por esta ordem: 1 colher de açúcar mascavado, 2 colheres de molho de peixe e 3 colheres de molho de ostras. Nunca fui muito de agridoces, mas de facto resulta!

Pad Thai: noodles (massa) de arroz com legumes (normalmente cebolinho, rebentos de soja, alho e cenoura), tofu, ovo e outra proteína (o mais famoso é o camarão, neste caso foi o frango, mas pode ser qualquer coisa (caranguejo, porco, etc). Depois de cozinhada é polvilhada com amendoim moído, malagueta em pó, rebentos de soja crus e sumo de lima. Uma curiosidade que achei fantástica: é tudo feito no mesmo wok! Frita-se a proteína, salteiam-se os legumes, depois inclina-se o wok, coloca-se água (muito pouca) e coze-se a massa. Depois coloca-se o wok na posição normal e junta-se tudo!

Estava óptimo! Não fosse a fanfarronice pagar imposto, diria que melhor do que as que já comi nos restaurantes!

O segundo passo foi fazer a pasta de caril! Básicamente é juntar e esmagar no almofariz malaguetas, cebola, alho, sementes de coentros, açafrão da terra, galangala, folha de lima kaffir, bolbo de erva príncipe e ginseng. Transformar estes ingredientes numa pasta homogenea levou mais de meia hora e muito esforço! Esta é a base do caril tailandês (o prato mais famoso da Tailândia, para os tailandeses) e pode ser feita com malaguetas vermelhas (mais fracas, e ainda mais fracas quando maiores forem) ou verdes (mais forte). Segundo os tailandeses, uma pessoa é tanto mais sexy quando mais picante for o caril que come, sendo o verde apelidado de sexy king, o vermelho de sexy queen e o caril panang o baby curry. Há outros, mas estes são os mais conhecidos. Dentro de cada um há seis níveis de picante conforme a quantidade de pasta que se usa na confecção do prato. A Chef deu-nos a escolher de 1-5, sendo que o 6 era impossível alguém aguentar. Eu fiquei me pelo 2 para a sopa e 3 para o caril. Os mais corajosos foram ao nível 4 e só um acabou o prato. 

Eu fiz então um Panang Curry (à esquerda), com picante nível 3 e contra todas as odes estava óptimo! Além da pasta de caril previamente feita, básicamente é adicionado o tempero, leite de coco e por fim polvilhado com folhas de lima kaffir picadas. Delicioso!

De seguida foi tempo de fazer a sopa Tom Yum Koong, o único prato que não consegui comer... e supostamente só era nível 2 de picante. Os ingredientes aromáticos são folha de lima kaffir, galangala, malagueta e erva príncipe; os ingredientes para comer são cebola, tomate, camarão e cogumelo ostra (mais um que não conhecia); o tempero depois é composto por açúcar, molho de peixe e compota de matagueta (os tailandeses comem isto no pão como nós comemos compota e morango... é fogo!!!).


Depois de comermos fomos continuar a aula: Spring Rolls foi o prato que se seguiu. Um prato que penso que todos associem a comida chinesa, mas pelos vistos é tradicional de todo o sudeste asiático, sendo que o que varia é o recheio. Neste o recheio é composto por glass noodles (massa de arroz muito fininha e transparente, galinha picada, tofu picado, alho picado, rebentos de soja, cebolinho e cenoura ralada. Depois de tudo frito e salteado, o recheio foi colocado dentro de massa própria para crepes (que nós não fizemos), dobrados (não é fácil) e fritos. Para acompanhar um molho agri-doce.


Era então hora da sobremesa, e o que escolhi foi Sticky Rice with Mango, que é arroz muito glutinoso demolhado de 4 a 12 horas e cozido a vapor num cesto de bamboo. Depois de cozido, foi feito um caldo de nata de coco e açúcar de palma (e um bocadinho de sal que incrivelmente potenciou imenso o sabor do coco). Juntámos o arroz e deixámos absorver o o caldo. É servido com uma fatia de manga, como podem ver em baixo. É a sobremesa mais famosa do país.


Assim terminou a aula de cozinha tailandesa que acho que realmente valeu a pena! Recomendo! Quem quiser espreitar o site, só posso dizer bem: www.asianscenic.com



O Rui como não é de cozinhados aproveitou a manhã para nos arranjar um hotel mais barato (antes 850B/noite, agora 500B/noite) e imaginem... com vista para um templo e serventia de cozinha! Durante a manhã ele ainda aproveitou para ver e rever alguns templos nas redondezas.

Por volta das 15h encontrámo-nos e era então hora de continuar a nossa jornada pela cidade! Visitámos mais e mais templos e também dois grandes mercados: o Wororot Market e o Night Market (que fomos  muito cedo). Ficam algumas fotos:

Uma pintura numa das paredes de um templo que podia muito bem ser uma carta Magic! xD

Um dos poucos templos que ainda vão marcando a diferença pela sua beleza. Muitos dos pequenos templos que visitamos no interior começam a ser mais do mesmo. Mas este de facto era qualquer coisa!

Olhem me para estes telhados!!! Brutal!

Uma ruína que quero partilhar por estar num beco, no meio de casas, algumas algo degradadas, cheia de lixo à volta. Quem muitas ruínas tem pouco dá valor... é pena!

Um pouco da muralha original que fortificava a cidade de Chaing Mai

Um elefante havaiano perdido na Tailândia!

Os gnomos de jardim dos templos budistas aqui são assim!

Olhem para isto... Lindo, não?

O Wororot Market é o maior da cidade, e sendo o maior é mesmo insanamente grande! Largas centenas, se não milhares de bancas e lojas distribuídas entre dois edifícios enormes e varios pequenos, mais bancas de rua, vendedores ambulantes! Tudo isto ocupava vários quarteirões! Aqui tudo se compra e tudo se vende! Comida feita, carne, peixe, legumes, animais vivos, flores, pinturas, ouro, joalharia, roupa, insectos... básicamente tudo o que possam imaginar! Nunca vi algo assim!

A foto não é perfeita, mas estávamos a meio de mercado, num cruzamento e não viamos o fim dos corredores!

A vista do terceiro andar, no centro do mercado. Para baixo havia pelo menos mais um piso (-1) e para cima pelo menos mais dois de estacionamento.

Tartarugas de todos os tamanhos, peixes, enguias, umas minhocas enormes, burriés... esta banca era incrível!

E na do lado arranja-se um sapinho para o jantar!

E este foi o nosso dia! Queria só deixar aqui duas histórias engraçadas:

1º - Gelados - na aula de cozinha, a Chef disse que o melhor gelado da cidade era vendido por um senhor que andava pelas ruas com uma espécie de carrinho de mão frigorífico a vender gelado caseiro em bolas! É incrível um senhor simpático com alguma idade andar pelas ruas da cidade de sol a sol a empurrar um carrinho de mão a vender gelados. Tudo isto fica mais incrível ainda quando o gelado é de facto delicioso e mais ainda porque é vendido a cerca de 22 cêntimos, uma quantidade semelhante a 1,5-2 bolas em Portugal! Já comemos gelados caseiros num restaurante, que de facto era bom, mas a quantidade era metade e o preço era o triplo... como é que este gelado não é valorizado? Fica a pergunta...

2º - o Grande Benfica - durante o nosso deambular pela cidade fomos abordados por um senhor. Perguntou-nos de onde éramos, quanto tempo ficávamos na Tailândia, em Chiang Mai, etc. Pensámos logo que nos queria vender alguma coisa, até nos recomendou uma loja de fatos, supostamente muito boa... mas não! Queria apenas conversar! Simpático! Não era de Chiang Mai, veio à cidade para ver uma procissão e umas celebrações que vão haver hoje (tenho esta a escrever sobre o dia de ontem), foi ele que nos recomendou ir ver o Night Market, sítios onde comer, etc. Um tipo porreiro pah! Ok, uma história porreira, um tipo simpático... e o Benfas? O homem perguntou se gostavamos de futebol, mal disse que sim, ele afirmou-se como grande adepto do Benfica e que o jogador que ele mais gostava de todos os tempos era o Eusébio! Tinha alguns conhecimentos de jogadores  e clubes portugueses a jogar em Portugal e no estrangeiro. Engraçado como é que o futebol português e em especial o Benfica tanto mexe no outro lado do mundo! 

De bonus, mais uma coisa engraçada sobre futebol! Uma pessoa chega ao outro lado do mundo e pensa que em termos de futebol Portugal deve ser associado ao Cristiano Ronaldo, mas para eles o melhor jogador de Portugal e quem sabe do mundo é qualquer coisa como o Cristinado Rolando! O que a gente se ri com isto! Não é um nem dois... são todos que dizem o nome mais ou menos desta forma. 
Em geral aqui muita gente vai conhecendo os três grandes de Portugal, mas é tudo do Benfica! Alguns vão mais longe e ja conhecem jogadores e mais clubes, especialmente Braga e Marítimo.

Logo devemos ir ver a tal procissão e depois ao Night Market. Logo ou amanha dou novidades!


4 comentários:

  1. Uauu que giro!! Adorei as fotos!!
    Os pratos pareciam deliciosos!! =D
    Espero que estejas a gostar da viagem, assim como eu estou a adorar ler todos textos que escreves!!

    Beijinhos!!!

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    1. Estou a adorar Rita! Isto é brutal, é sempre tudo novo! Fico feliz de estares a gostar! Dá motivação para continuar a escrita!
      Beijinhos

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  2. Tenho estado a acompanhar +ou- dia a dia a tua viagem Gix. Não te imaginava a fazer uma viagem dessas (Mas ainda bem que foste pah!), cada post novo da-me + vontade de ir conhecer esses lados que nunca estiveram nos meus destinos preferidos...
    Enfim, parabéns pelos posts e só um aparte, no Brasil também vê-se pessoal a vender gelados caseiros na rua, embora sejam mais daqueles em pauzinhos, aqui em Portugal é que a ASAE apanhava-os logo. :P
    Knd voltares vais fazer um desses pratos pra malta, n é? :D

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    1. Sempre foi um sonho fazer uma viagem destas Sancho, mas só agora é que consegui juntar o dinheiro coragem e tempo para a fazer! Isto é muito fixe e barato, se tiveres oportunidade não existes!
      Aqui se houvesse ASAE, deixava de haver Tailândia como ela é... Ja Hong Kong e Macau eram assim... Mas aqui ha bancas de rua em todo o lado e a comida é baratissima, porque parece me que as pessoas não cozinham muito em casa. Ate para os padrões deles a comida aqui é vendida a preços acessíveis!
      E claro que posso fazer ai uma jantarada po pessoal... Só espero conseguir os ingredientes... Mas no Martim Moniz um gajo deve se safar! :p
      Abraço

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