quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dia 38 e 39 - Hanoi

Meio em tom de brincadeira, meio em tom sério deixo uma dica: Se estiverem a pensar vir a Hanoi... não venham!

Dia 38:

Continuando o post de ontem... saímos, semi de directa, de casa pelas barulhentas e loucas ruas da capital vietnamita em direcção ao Ngoc Son Temple, um templo Taoista e Confucionista localizado numa pequena ilha do lago Hoan Kiem. Este é provávelmente o templo mais famoso da cidade.

No caminho experienciámos a cidade na sua plenitude, e peço desculpa pela insistência, mas que choque! A poluição proveniente das centenas de milhar de motociclos que por aqui circulam faz se sentir a cada esquina da cidade cinzenta que nos recebera. Aqui as pessoas andam pelas estradas, porque os passeios, esses são destinados ao estacionamento dos motociclos, lojas e ocasionalmente a uma explanada ou outra composta por pequenos banquinhos de plástico (iguais aos das crianças) e umas mesas do mesmo material. O barulho é ensurdecedor! Para além do barulho de tanto veículo, também o povo em si parece ser algo barulhento. Os sinais de transito não são respeitados na sua maioria. Conduzir aqui deve ser uma selva. E o simples atravessar de uma estrada nunca deixa de ser uma aventura. No meio disto tudo também há coisas giras... como pessoas a entrarem num café de mota ou a atléticamente dormirem deitadas numa scooter. E coisas com algum interesse como as bancas de comida de rua ou os vendedores ambulantes.

Uma rua vulgar em Hanoi

Uma rua cheia de lojas com artigos para o ano novo Chinês

Uma rua cheia de bancas de comida de rua e onde (vejam o espaço) também passavam motas

A minha ingenuidade custou me 20000 Dongs. Sem dar por mim, tenho um fulano a despejar cola nos meus sapatos e a desapertar me os atacadores. Era um sapateiro super motivado e empreendedor que sem eu dar conta me arranjou os sapatos. Só o consegui expulsar com a quantia a cima. Ainda assim ele queria 100000 Dongs para 3 esguichadelas de cola (seria água?) em menos de 2 minutos.

Após as impressões iniciais e alguns quarteirões galgados, chegámos ao lago. Encontrámos um espaço envolto em duas linhas: uma primeira de jardins e uma segunda de estrada. Finalmente um pouco de calma! As cidades são loucas, barulhentas, movimentadas, etc. É normal. Mas esta é de mais! E chego mesmo a estranhar como é que podem haver tão poucas "bolhas de oxigénio" como este espaço verde. O templo em si não era nada de especial. Aqui o valor era a beleza da paisagem envolvente e especialmente o poço de paz no meio de uma cidade em pé de guerra.

A ponte para o Templo

A vista da cidade a partir do templo

Uma das velhas árvores que se dividia entre a  terra e a água

O interior do templo

A vista do Templo a partir da cidade

Visto o templo, almoçámos, e fomos visitar o museu Hoa Lo, Maison Centrale, que outrora foi um prisão criada pelos franceses para albergar quem fosse contra o regime. Mais tarde também foi usada para encarcerar soldados americanos durante a guerra do Vietname. O conhecido senador John McCain esteve em tempos aqui preso após ter sido capturado durante a guerra. De seguida visitámos a catedral de S. José e um pequeno templo local.

A entrada do Museu Hoa Lo

Catedral de S. José

O nosso jantar

O comida em si estava bem boa, mas o interesse aqui está na bebida. Pois bem, apesar de termos pedido cerveja, foi nos recomendado que experimentássemos o vinho de coco. Pedimos dois, esperando algum tipo de vinho em que a principal diferença fosse a troca das uvas pelo coco na sua confecção. Não podíamos estar mais enganados! Foram nos servidos dois cocos cheios de aguardente (que não fica a dever nada, por exemplo, ao whiskey). E isto foi a nossa bebida do jantar. Para que se tenha ideia, cada coco enchia cerca de 2,5 copos desses. Bebemos a aguardente o vinho de um dos cocos e trouxemos o segundo para casa. Escusado será dizer que no nosso caminho de volta tínhamos um, digamos, novo jogo de cintura para nos desviarmos dos motociclos aquando a passagem de uma passadeira.

Antes de adormecermos vimos um rato atrás de um móvel do quarto. Sem que muito pudéssemos fazer, limitamo nos a dormir.



Dia 39:

Acordámos bem cedo, mas frescos para visitar o Mausoléu de Ho Chi Minh. A arrumar as coisas antes de descermos para o pequeno-almoço, levanto o emaranhado de fios dos fones e... um fone fica na mesa! O fio estava cortado, roído... e em vários sítios! As arrumações continuaram e o seguinte item foi a lanterna, cuja bracelete também tinha sido roída! Já num misto de ódio a roedores e diversão chamo o Rui para partilhar a novidade. Nos entretantos descubro que a criatura também tinha entrado na minha mala e violado um pacote de biscoitos! Tínhamos planos para a manhã, seguimos viagem, mas prometemos vingança!

Devido a instalações militares e caminhos inacessíveis tivemos que dar uma volta imensa, o que em conjunto com um grande erro de casting fez com que não pudéssemos visitar o monumento pretendido. Este só está aberto das 8h-11h, sendo que a última entrada é às 10h. Quem o quiser visitar convém ter isto em conta.



Seguimos então para o próximo ponto: o templo da Literatura dedicado ao Confucionismo. Este templo estava dotado de jardins e lagos que lhe conferiam os atributos de uma "bolha de oxigénio". Este templo foi uma escola de sábios e a primeira universidade do país. Todos os graduados pela mesma têm o seu nome gravado em lápides de pedra nos jardins do templo. Aqui ainda assistimos a um concerto de música tradicional. Os instrumentos eram incríveis! Gostei bastante!

O grande lago no centro do complexo

As lápides com os nomes dos graduados

Concerto

Um pátio interior

Esfomeados seguimos para um restaurante muito afamado entre os locais num conceito original e não muito caro. Quem sabe um conceito a explorar em Portugal. O restaurante consistia num grande pátio interior com bastante vegetação, mesas e bancos num ambiente simples. Todo o pátio era rodeado por diversas mini cozinhas, chamemos lhes assim, cada uma especializada em meia dúzia de pratos típicos de uma região. Moral da história: num restaurante podemos encontrar iguarias gastronómicas fidedignas de todo o país. Nós como não conhecemos nada, limitámo nos a pedir vários pratos tipo tapas e experimentar tanto quanto conseguimos. Nota artística para os crab spring rolls!

Visitámos mais um templo sem muito a acrescentar e sem muito mais para ver na cidade decidimos procurar o suposto "segredo mais bem guardado de Hanoi". As expectativas de facto não eram altas, mas foram superadas em larga escala: um bar no topo e interior de um prédio, cujo acesso era feito primeiramente por uma loja de roupa e depois por corredores (onde o Ricardo certamente diria que retiram rins). Ainda no piso térreo encontrámos jardim interior com motivos semelhantes aos dos templos. Menos não poderia ser de esperar caso o primeiro andar não fosse dividido entre uma explanada e um templo. O dois pisos superiores tinham mais duas explanadas. A vista e o ambiente falavam por si. Passámos lá o resto da tarde a conversar, ver a cidade de uma perspectiva bem mais agradável e a planear os próximos destinos da viagem.

A vista do último piso para o lago Hoan Kiem

A vista para o interior do edifício

Para o jantar prossegui a descoberta: sopa de caranguejo e rã frita com manteiga de alho. Ambos estavam bons, mas nada que mereça grande destaque. Agora vamos empacotar as coisas e tratar da vingança contra o roedor que nos vandalizou o habitáculo a noite passada. Amanha embarcamos num cruzeiro de 3 dias em Halong Bay, pelo que provavelmente entrarei novamente em blackout. Dia 25 voltamos a terra e seguimos num sleeping bus para Hue no centro do Vietname.

Espero poder escrever em breve. Até lá!



2 comentários:

  1. Rui, diz ao teu primo que a árvore não é uma "árvore velha" qualquer, mas um mangal.

    Ass: Jorge Nunes

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  2. Fica a nota! O primo do Rui agradece! ^^

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