segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dia 35, 36 e 37 - Kong Lor e muitas horas de viagem

Acabou hoje (dia 21) o blackout nas comunicações, coincidindo com o regresso à civilização e aos "tourist trail". Estamos em Hanoi, a movimentada e barulhenta capital do Vietname. Ainda é um choque a diferença entre a calma natureza do Laos com toda esta loucura, barulho e poluição citadina.

Dia 35 - Viagem de Vientiane para Kong Lor

Devido a má informação relativamente à hora do pickup por parte do staff do hotel tivemos que comer engolir o pequeno almoço à pressa numa dentada. Despachados à pressa seguimos até ao terminal dos autocarros. Aqui vimos diversos autocarros superlotados, pelo menos em termos de mercadoria: até motas e barris de (penso que) 200 litros de gasolina levavam no tejadilho, isto além dos normais vegetais, animais vivos e afins. Até no corredor central do autocarros foram colocados uns pequenos bancos de plásticos para este poder albergar mais passageiros. Mal sabíamos o que nos esperava 2 dias mais tarde, mas tudo a seu tempo...

A viagem foi muito longa. As 5 horas para menos de 200km rápidamente se tornaram 8 com as inúmeras paragens para deixar ou receber alguma mercadoria. O calor que se fez sentir e o ar condicionado cansado não tornaram a experiencia muito agradável. Engraçado ver os molhos enormes de notas (apesar da inflação ainda devia de ser bom dinheiro) que os locais orgulhosamente abanavam no ar para facilitar os seus negócios. Aqui o comércio flui de uma maneira própria.

Na chegada a Kong Lor, encontrámos uma pequena aldeia, com não mais do que um punhado de casas perdidas num vale rodeado de perto por grandes montanhas de rocha negra (conhecemos quem as apelidasse de Mordor), apenas desbravadas pelos diversos rios que serpentavam a bonita paisagem. Sem qualquer tipo de reserva, nem perfeita noção do que nos esperava, não tardámos em arranjar um quarto. Simples, barato, (à noite demasiado) fresco, numa pequena casa de madeira. Era tudo o que queríamos depois de uma viagem destas.


Descarregámos a bagagem no quarto e fomos dar um pequeno passeio pelas redondezas para aproveitar as últimas horas de luz. Ao jantar conhecemos o Adam, um Australiano que nasceu em Inglaterra e é há 11 anos professor de inglês na Tailândia. Um tipo porreiro. A conversa durou até depois dos donos da casa irem dormir, tendo a conta ficado por pagar. É bom ver esta simplicidade e até ingenuidade na crença de que toda a gente é séria. No dia seguinte, o dono disse que um casal de Noruegueses saiu sem pagar. Inaceitável! As pessoas são simpáticas, pobres e os preços são brutalmente baixos! Qualquer coisa como alojamento e refeições não ficariam a mais de 6€ por dia.



Dia 36 - Kong Lor Cave, Parque natural de Phu Hin Bun e passeio pelas redondezas

Na noite noite anterior tinhamos acordado com o Adam que iríamos dividir o custo do barco para visitar a gruta. Encontrámo-nos ao pequeno almoço e seguimos para o parque natural de Phu Hin Bun, onde a gruta se encontra. O custo da entrada era irrisório, cerca de 20 cêntimos. A visita a gruta de barco (cerca de hora e meia) ficou por menos de 15€ a dividir pelos 3.

O parque natural era simples e agradável. Após algumas centenas de metros a caminhar, onde encontrámos diversas árvores com formas estranhas (pareciam que cresciam em espiral), chegámos ao rio. Ao longe podia se ver a entrada da gruta, cujo rio que por ela passa nos ia levar por quase 8km de escuridão até a uma aldeia no outro lado da montanha. As formações rochosas no seu interior eram incrícveis e as proporções da gruta não ficavam atrás. Eu diria que nas maiores galerias, a superfície da água distanciava-se 100 metros do tecto da gruta. Os pontos negativos da gruta foram só dois: não termos visto as aranhas gigantes que alegadamente aqui habitam e as fotografias terem ficado deveras más.

Reparem na árvore ao centro.

Quase a chegar ao rio

A gruta ao longe.

Os últimos raios de luz antes da entrada na monumental formação

Uma das poucas fotografias que que representam bem a gruta. Felizmente temos a nossa memória para quando a máquina falha.

8km depois a luz ao fundo do túnel.


E que bela paisagem nos esperava no outro lado!

Ficámos cerca de 1 hora na aldeia do outro lado a conviver com os poucos turistas que por ali passavam e regressámos pelo mesmo caminho numa viagem no mínimo tão incrível como a primeira. De facto valeu a pena este desvio de muitos quilómetros e ainda mais horas!

Almoçámos e dedicámos a tarde a explorar as redondezas. Por volta das 21h já estávamos na cama. Aqui tudo começava muito cedo e acabada de igual forma. Mais a mais tínhamos que apanhar o primeiro "autocarro" (semelhante ao que apanhámos em Soukhothai) que era às 6h da manhã.

As plantações à beira rio eram bem arranjadas!



Dia 37 - Viagem de Kong Lor para Hanoi (Vietname)

O maior dia desde que chegámos, valha isso o que valer! Acordámos bem cedo para apanhar o primeiro "autocarro" da manhã de Kong Lor para Nahin. Às 6 da manhã já se via toda a aldeia em movimento, especialmente aglomerados de aldeões em torno das fogueiras para cozinharem o arroz para o dia e combaterem o frio matinal. Uma hora depois por uma estrada em más condições chegámos a Nahim, uma povoação substancialmente maior que Kong Lor, muito empoeirada e feia. Ponderámos lá ficar em vez de Kong Lor. Ainda bem que não o fizemos. Aqui apanhámos um "autocarro" semelhante até Lak Sao, a terra grande aqui do sítio. Lá encontrámos uma terra semelhante à anterior mas provavelmente o que tinham a mais em desenvolvimento que Nahim, tinha o dobro em poeira. Chegámos antes das 10 horas e o autocarro supostamente sairia ao meio dia. Aproveitámos o intervalo para almoçar antes de iniciar uma viagem de supostas 5 horas até Vinh (Vietname).

A busca matinal por um ATM no fim do mundo em Nahim quando só tinhamos 10€ no bolso.

Dispensando muitas pequenas histórias desta louca viagem, posso começar por dizer que o autocarro da fotografia a baixo (no qual viajámos) tinha na melhor das hipóteses 24 lugares sentados. Lá dentro não iam menos de 40 pessoas, com o bónus de animais vivos, bidons não sei do quê, bilhas de gás, serras para cortar azulejo, sacas de arroz, sal, cerveja, etc. Pensem em qualquer coisa. Tenho a certeza que o que pensaram estava em algum canto daquele autocarro! Desenganem-se se pensam que tudo isto ia no tejadilho da viatura. Em parte ia, de facto, mas o resto ia entre a insana multidão que com todas as suas forças dava tudo para bater um qualquer recorde bizarro do Guiness. Adiante. Escusado será dizer que as paragens para comércio/contrabando ou como que lhe quiserem chamar eram infinitas estendendo o tempo de viagem até ao extremo.
Querem mais episódios engraçados? Então e se vos disser que o posto fronteiriço do lado do Laos não tinha electricidade. A iluminação era feita com velas! O passaporte electrónico que temos deve ter sido muito útil ali! Então e quando a polícia nos manda parar? Para seguir viagem foi só colocar umas notinhas entre as páginas nos documentos da viatura. Os polícias examinaram bem o documento e estando tudo em ordem foi só seguir. As histórias que depois podemos contar são imensas. Fica só mais uma nota sem muita graça. Aqui no Vietname toda a gente é super barulhenta e para potenciar a chinfrineira vejam do que eles se lembraram: “então e se em vez de usarmos os piscas para mudar de direcção, se usássemos as buzinas dos carros?”. Nas cidades o barulho é noite e dia. E para ser original porque não meter eco nas buzinas… delay quem sabe… mudar o tom da buzina… possibilities are endless! E chega de histórias por agora!

O nosso autocarro numa paragem para abastecer, já no Vietname.

Finalmente chegámos a Vinh por volta das 19h30. Perdidos numa cidade grande queríamos encontrar a estação de comboios para seguir para Hanoi. Não queríamos passar ali a noite! Felizmente encontrámos fomos encontrados por alguém com a solução. Um autocarro (este sem aspas) nocturno para Hanoi. Foi a opção tomada. Jantámos, comprámos alguns mantimentos e às 22h partimos em direcção a Hanoi, onde chegámos inacreditávelmente 5 minutos mais cedo do que o esperado. Por volta das 5h estávamos no nosso destino. Este autocarro tinha os bancos totalmente reclinado dando para dormir minimamente (se bem que o conforto nada deve àquela viatura). Apanhámos um taxi e fomos para o hostel reservado ainda antes de este abrir. Acordámos os donos e viémos escrever. Tomámos o pequeno almoço e voltámos a escrever. Agora parámos de escrever escrever escrever e... vamos visitar a cidade! Adiós!

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